sexta-feira, 1 de março de 2013

Pai

Sinto ligeira falta
dos verdes olhos dos quais não provim,
do sangue quente o qual não me ocorre,
mas está próximo por fios invisíveis,
pela qualidade intrínseca da afetividade.

Sinto em ligeira culpa
momentos distantes que assim fiz,
momentos gelados em pedra, mas quente em emoção.
Momentos em azul claro e vermelho cólera.
por não me gerar em ato, mas a pena e no coração.

Sinto ligeira saudade
dos devires criança em pura idade,
dos mistérios revestidos de fantasia,
de meu pai em explicita harmonia,
por caminhos certos em caracóis
e sonhos límpidos sobre os lençóis.

Sinto ligeiro medo
de não saber a totalidade do segredo,
como se obscuro buscasse no dedo
digitais minhas
apenas para saber se ainda existo,
ou se a vida é mesmo um sonho.